por
Higor Gonçalves – Comunicador popular da ASA
O
Encontro Estadual da Articulação no Semiárido pernambucano (ASA-PE) retomou as
atividades na tarde deste segundo dia (10/10) expondo em plenária os relatos das
experiências apresentadas nos dois carrosséis de experiências, que aconteceu
durante a parte da manhã – quando os participantes
tiveram aproximadamente meia hora para conhecerem cada vivência. Na
oportunidade, foram apresentadas temáticas de sementes e segurança alimentar;
agroecologia; juventudes e educação no campo; política de Ater; comercialização
agroecológica e economia solidária; bem como financiamentos, créditos e fundos
solidários.
Os
agricultores e agricultoras sistematizaram suas experiências apontando
acúmulos, avanços, desafios e perspectivas. Na experiência de soberania e
segurança alimentar, o agricultor Vilmar Lermen, do município de Exu, no Sertão
do Araripe, compartilhou o uso e conservação das sementes no âmbito da
segurança alimentar, de sua própria família. “A geração de renda, o
conhecimento das políticas públicas e a produção em consonância com o meio ambiente
foi, sem dúvida, um dos grandes avanços que tivemos”, considerou.
Já
Dona Socorro, da cidade de Parnamirim, apresentou sua experiência sobre Financiamentos, Créditos e Fundos Solidários.
Em 2002, a proposta surgiu a partir de carteira espelhada na metodologia do
Fundo de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Fundaf). “Nosso maior
desafio, hoje, é nos prepararmos para fazer a gestão do recurso", apontou.
Do
município de Triunfo, a agricultora Silvolúsia trouxe sua experiência em Comercialização Agroecológica e Economia Solidária na Feira Agroecológica de
Serra Talhada. "O pessoal fala que a seca é um problema, mas na verdade a
seca é um desafio, porque seca tem sempre. Nossa expectativa é aumentar
justamente a quantidade de famílias na feira”, disse.
Abrindo a segunda
rodada de apresentação das experiências em plenária, Tatiane Faustino,
agricultora de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, contribuiu com a
vivência “Mulheres do Pajeú e seus
Quintais Produtivos”. Em sua
explanação, a agricultora, que também integra a Casa da Mulher do Nordeste, apresentou
a proposta dos quintais produtivos dentro de uma perspectiva de gênero: “o
enfrentamento ao patriarcado e à divisão sexual do trabalho, onde as mulheres
têm pouca ou quase nenhuma autonomia, ainda é um dos nossos maiores desafios”,
disse. “A mulher continua subestimando seu trabalho, se colocando como mera
‘ajudante’ do companheiro, quando a sua jornada é maior, inclusive, que a do
homem”, completou.
Trazendo o
tema Educação no Campo e Juventude,
Dona Quitéria, da cidade de Jucati, pontuou os avanços, sobretudo, na questão
da educação continuada. “Foram criados novos vestibulares com habilitação em
educação do campo”, disse a agricultora. “A AESA (Autarquia de
Ensino Superior de Arcoverde) tem ampliado o tema, realizando oficinas e
debates sobre educação do campo para os alunos e professores”, continuou. Segundo Dona Quitéria, o maior desafio é que
a educação do campo garanta a permanência dos alunos em seus municípios.
De modo
surpreendente, a experiência “Comunicação
e Sistematização de Experiências” apresentou seus tópicos, de modo
criativo, através de uma “rádio ao vivo”. Interagindo com os participantes do
encontro, os apresentadores Roseana e Edmilson convidaram os jovens
comunicadores que compartilham suas experiências por meio do veículo de
comunicação rádio. “Nosso grande desafio é garantir a manutenção desses jovens
no meio rural”, disseram.
Política de Ater foi o tema que finalizou a segunda rodada de apresentação das experiências em plenária. Dona Cícera, de Serra Talhada, considera que o resgate das tradições e a inserção dos jovens agricultores nos espaços políticos foram os principais avanços. “Já o maior desafio é contar com o apoio governamental e a conscientização das famílias”, pontuou. “Nossa maior expectativa é garantir a continuidade da Política de Ater e o aumento da participação dos jovens nos espaços políticos”, afirmou Dona Cícera.
Os carrosséis de
experiências têm a proposta de levar aos participantes novas vivências,
facilitando o diálogo entre eles e os próprios protagonistas das histórias. A
plenária é o momento onde os agricultores e agricultoras colocam suas
impressões sobre os carrosséis. Nesta edição do Encontro Estadual da
Articulação no Semiárido pernambucano (ASA-PE), as temáticas dos carrosséis de
experiências seguiram o mote central do encontro: “Trajetórias de lutas e resistências para a efetivação da cidadania no
Semiárido Pernambucano”.