Por Emanuela Castro, da Casa da Mulher do Nordeste
Nas últimas semanas
a CMN percorreu sete municípios do Sertão do Pajeú para inaugurar os quintais
produtivos de agricultoras assessoradas pela instituição. Ao todo foram 10
mulheres que receberam melhorias em suas comunidades para a produção, apesar do
período de estiagem prolongada. Essa iniciativa faz parte do Projeto 15.282 de
Implantação e Expansão de Quintais Produtivos patrocinado pela Fundação Banco
do Brasil, executado pela CMN.
As mulheres
receberam tela para estruturar seus quintais produtivos, especial para as áreas
da criação de galinhas e da produção de hortaliças e plantas medicinais. Além
disso, receberam alguns equipamentos, como forrageiras, enxada, pá, bombas,
canos e mangueiras para ajudar no sistema de aguação, entre outros. “Para as
mulheres essa melhoria veio em um bom momento, agora elas possuem um local
propicio para a criação de galinhas. E com o cercado da horta, elas conseguem
delimitar o espaço para que outros animais não tenham acesso. Verificamos um
aumento na diversidade de cultivos nos quintais através das trocas de sementes
e plantas”, conta Eliane Rocha, técnica educadora da CMN que está realizando a
assessoria às mulheres.
Outro destaque
durante as inaugurações foram as trocas de saberes e de produtos, puderam
conhecer as experiências de cada uma que se envolveu no projeto. “Gostei
bastante da inauguração, conheci outras mulheres e trocamos bastante. Agora
tenho pimenta, coentro, alface, tomate, hortelã, cidreira, milho verde. Com
tudo isso não preciso comprar mais verduras com agrotóxico”, disse a
agricultora Marilene Silva, 43 anos, da comunidade de Poço Redondo, município
de Tabira. Ela conta que o acesso à água é difícil, mas com a aquisição da
bomba vai facilitar o trabalho. “Antes tinha que ir pegar água com carro de boi
para aguar as plantas. E agora que está chovendo, a bomba vai poder puxar a
água de um barreirinho que tenho aqui perto”, completou. Ela só possui uma
cisterna de 16 mil litros para consumo próprio, mas não para produção.
Todas as mulheres
fazem parte de algum grupo organizado de mulheres, e por este motivo, a
forrageira que adquiriram com o projeto será usada pelo coletivo, contribuindo
para a alimentação de pequenos animais. A sororidade entre as mulheres e a
aposta na auto-organização das mulheres é uma das prioridades no trabalho
desenvolvido pela Casa da Mulher do Nordeste. “Faço parte do grupo de mulheres
Renascer, da comunidade de Açude da Porta, e esse projeto beneficiou a todas
nós com o uso da forrageira que será usado por todas. Também já deixei de
comprar alface, coentro, cebolinha com agrotóxico. Agora produzo meu próprio
alimento, e a alimentação da minha família melhorou bastante. Onde criava
as galinhas era bem apertado, com o novo espaço vou poder criar mais e agora
elas tem até bebedouro”, relatou a agricultora Maria Sineide Silva, 40 anos,
do sítio de Macambira, São José do Egito.
O projeto está sendo
desenvolvido nos municípios de Santa Cruz da Baixa Verde, Flores, Afogados da
Ingazeira, Tabira, Ingazeira, São José do Egito e Itapetim. Como contrapartida,
as mulheres tiveram que apoiar com a instalação das telas, as estacas e o
ajudante para o pedreiro construir o galinheiro. O projeto terá continuidade
até o final deste semestre, onde as agricultoras continuam a receber a
assessoria técnica da CMN para uma melhor convivência com o semiárido.
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